“Você é muito corajosa“. Foi o que eu ouvi no início de 2021, quando contei pras pessoas que ia sair do meu emprego CLT pra trabalhar como autônoma. E sim, as pessoas estão certas. Foi uma atitude corajosa mesmo, ainda mais na pandemia.
Mas por trás da coragem, tem mais coisa envolvida. A começar pelo planejamento. Eu planejei a minha saída pra tudo acontecer com mais tranquilidade e menos ansiedade.
Dificilmente eu tomaria essa decisão sem ter me planejado financeiramente. Sem ter juntado dinheiro pra me sustentar nos primeiros meses depois da transição. Sem ter projetos paralelos que me geram renda. Sem ter perdido noites e noites de sono ponderando os prós e os contras.
Sem ter levado esse assunto na terapia por não sei quantas vezes (bjo, Alexandra! rs). Sem ter adiado a minha saída por conta da pandemia. Sem ter encarado a jornada dupla por dois anos, conciliando emprego CLT e projetos paralelos.
Sem ter discutido a decisão com a minha família. Sem ter tentado ficar, mesmo sabendo que não me encaixava na cultura da empresa. Sem ter um recorte de privilégios por trás que me permite fazer essa escolha e assumir os riscos.
Tudo isso veio antes do ato de coragem. E junto com ele veio o medo, o alívio, a insegurança, a euforia, a empolgação, a ansiedade. Será que vai ser sempre esse turbilhão de emoções? Ainda é cedo pra dizer, só tenho um mês de transição.
Também não sei se vai dar certo, se o caminho é esse mesmo. Eu tenho muitas razões pra achar que é, mas as respostas ainda virão. Tô indo com calma, pra não repetir os mesmos erros do passado.
É que eu já fiz essa transição antes, lá em 2017, quando trabalhava em uma agência e saí pro trabalho autônomo pela primeira vez. Aprendi como nunca, mas confesso que foi PUXADO. Uma ansiedade sem fim.
Fiquei nesse esquema um ano e meio e voltei pro mundo corporativo no início de 2019. Fui atrás de estabilidade financeira e convívio social (a solidão do home office pesou). Encontrei as duas coisas, mas sentia que o meu lugar não era ali. O caminho era outro. Essa era a sensação. E foi a ela que me apeguei pra pedir demissão e recomeçar. “Tente outra vez”, já dizia Raul.
E é um recomeço em vários sentidos, sabe? Não sei se você acompanha o blog, mas eu parei com o Seja Leve por 6 meses e voltei no fim de 2020. Tudo isso tá muito interligado, uma decisão puxou a outra e olha eu aqui de novo, recomeçando!
E vou te falar uma coisa…Eu me sinto numa montanha-russa com todas essas mudanças, mas ao mesmo tempo me vejo ganhando elasticidade. Me sinto muito mais flexível do que antes, muito mais aberta a experimentar, a testar, a ERRAR. Muito mais disposta a seguir por um caminho e depois por outro, se preciso for.
E é isso que tô fazendo agora. Mudando de rota. E vou caminhando com todo desconforto que uma grande mudança pode gerar, mas em paz com as minhas escolhas. E paz era o que eu mais buscava quando tomei a decisão que acabei de compartilhar com você. Que esse sentimento prevaleça na minha caminhada. E na sua também!
“Seja paciente com tudo o que não está resolvido em seu coração e tente amar as próprias perguntas como se fossem quartos trancados ou livros escritos em uma língua estrangeira. Não procure as respostas que não lhe podem ser dadas agora, pois você não seria capaz de vivê-las… Viva as perguntas agora. Talvez um dia, em algum lugar no futuro distante, você gradualmente, sem nem mesmo perceber, viverá a resposta”.
Rilke – Cartas a um Jovem Poeta (1903)
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Marcela, a sua partilha foi incrível! Muito incrível ver pessoas corajosas como você!
Seguir o próprio caminho e assumir seu sonho!
Parabéns! Amei!
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Oi Fran, que bom ver vc aqui de novo! Obrigada pelo feedback e pelo carinho 🙂
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Nossa Marcela admiro a sua forca ,coragem e disponibilidade para mudança, desejo que se realize profissionalmente e se é a sua escolha sucesso para você.
Abrcs!!
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Lenize querida, obrigada pelo carinho e por sempre estar por aqui. Também te desejo tudo do melhor!
Abração