7 aprendizados do especial da Brené Brown na Netflix

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Quem acompanha o blog Seja Leve já me ouviu falando da Brené Brown. Ela é professora e pesquisadora da Universidade de Houston, nos Estados Unidos e pesquisa sobre coragem, vergonha e vulnerabilidade há quase 20 anos.

Dos estudos surgiram o TED “O Poder da Vulnerabilidade” e os livros “A Arte da Imperfeição”, “Mais Forte do que Nunca”, “A Coragem de Ser Imperfeito” (saiba mais neste post) e “Eu Achava que Isso Só Acontecia Comigo”.  

Em 2019, Brené Brown lançou o especial “The Call to Courage” (Chamado para a Coragem, em tradução livre) na Netflix. Durante uma hora e pouca, a pesquisadora discute o que é preciso para trocar o conforto pela coragem em uma cultura definida pela escassez, pelo medo e pela incerteza.

Hoje assisti ao especial pela segunda vez e vou compartilhar agora os 7 aprendizados que mais fizeram sentido para mim. Ao fim do post, vou indicar mais conteúdos sobre a Brené Brown, para quem quiser aprofundar. 

Agora chega de papo e bora lá!

1 – Não é só você

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Todo mundo sente medo, insegurança, culpa, constrangimento… Brené Brown conta que, voltando para a casa depois da palestra do TED, em 2010, ela pensou: “foram os piores 20 minutos da minha vida. Ainda bem que eram só 500 pessoas. Graças a Deus acabou!”. 

Aí veio a surpresa: a palestra seria publicada no site oficial do TED. Ao saber disso, Brené ficou desesperada à princípio, mas depois pensou: “Tudo bem, ninguém vai ver”. Mal sabia ela que a palestra teria mais de 40 milhões (JESUS!!!) de visualizações, com tradução para 52 idiomas.

O sucesso foi tanto que, anos depois, ela publicou o livro “A Coragem de Ser Imperfeito”, que segue na lista dos mais vendidos até hoje. Por sinal, já li e amei. 

2 – Nunca estamos preparados

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Brené diz que sempre foi introvertida e sentiu medo de passar constrangimento e encarar críticas. Um medo paralisante. Ela conta, por exemplo, que só enviava seus artigos para jornais menores, nunca para o The New York Times. Motivo: medo de não aguentar as críticas! 

Depois do sucesso do TED, o nome de Brené Brown ficou conhecido em todo o mundo. Ótimo, sem dúvidas, se não fossem os comentários e as críticas, principalmente nas redes sociais: 

“Menos pesquisa e mais botox”.

“Ela deveria falar de emagrecimento antes de falar sobre merecimento”.

“Por essas pessoas o mundo é assim”.

“Tenho pena do marido e dos filhos”.

“Com essa cara ela só podia mesmo falar sobre imperfeição”.  

Mesmo estudando há anos sobre vergonha, vulnerabilidade, coragem e empatia, Brené estava diante do que ela mais temia: o constrangimento e as críticas. Resultado: pensou em não se atrever nunca mais a apresentar uma palestra como aquela do TED.

No mesmo dia, por obra do acaso (ou de Deus), a pesquisadora deu de cara com uma citação na internet. Ou melhor, um divisor de águas: o discurso feito pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt, em 1910. Leia aqui embaixo: 

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Com Roosevelt, Brené lembrou que queria viver na arena, ser corajosa, se expor e arriscar.

3 – Ao escolher viver na arena, você vai sofrer

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Para Brené, ao escolhermos a coragem no lugar da zona de conforto, nós aprendemos o significado de sofrimento. Vamos lidar com fracassos, perdas, riscos, desconforto. E, claro, não é todo mundo que está disposto a encarar. 

Algumas pessoas jamais vão pisar na arena. Elas vão apenas se concentrar em criticar e julgar os outros. Cabe a nós não ficarmos remoendo as críticas ou nos apegarmos ao que os outros pensam a nosso respeito.  

Não é simplesmente dizer que não liga para a opinião alheia. Ligar todo mundo liga, o x da questão é escolher qual opinião de fato importa para você. É não ligar para opinião de todo o mundo, mas só para a opinião de pessoas que têm algo a lhe acrescentar. Faz sentido? Aham. 

4 – Vulnerabilidade não é fraqueza  

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Ser vulnerável não é perder ou ganhar. É ter a coragem de se arriscar sem ter controle do resultado. Como diz Brené, a vulnerabilidade é o medidor da nossa coragem, é a estrada que nos leva ao outro.

Mas normalmente não queremos nos mostrar vulneráveis, porque a vulnerabilidade está associada à incerteza, riscos e exposição emocional.

E aí preferimos o que? Nos proteger e manter a nossa armadura, com medo de nos expor emocionalmente e de não pertencer, de não sermos aceitos (a), de não nos encaixarmos.  

E também ficamos assustados ao ver as pessoas vulneráveis, principalmente os homens. Achamos que vulnerabilidade é sinal de fraqueza, quando na verdade é a emoção que nos conecta verdadeiramente com os outros.

5 – A busca incessante por uma vida extraordinária

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Durante anos de pesquisa, Brené entrevistou pessoas que passaram por grandes traumas e perdas. Todas foram unânimes em dizer que sentiam falta dos momentos mais bobos vivenciados ao lado de quem elas perderam.

Coisas simples do cotidiano que geralmente não ganham a nossa atenção, por estarmos preocupados em viver momentos extraordinários. 

Estamos sempre em busca de uma grande conquista, uma grande viagem, uma grande mudança de emprego, uma grande festa, um grande, grande, grande acontecimento.   

Para Brené, a gente precisa dar mais valor para os momentos ordinários. Como exemplo ela compartilhou uma história linda com a filha, na época com 10 anos.

As duas estavam no parque, andando de pedalinho e alimentando os patos, quando a menina parou e fechou os olhos. Brené perguntou se estava tudo bem e ela respondeu que estava tirando uma foto para a memória.

Quando me sinto grata por um momento incrível, fecho os olhos e guardo na memória. Assim, nos momentos difíceis e solitários, posso me lembrar”, disse.

Olha essa criança, gente! 

6 – A cultura da vulnerabilidade no trabalho

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Está muito na moda falar sobre equidade, diversidade e inclusão nas empresas. Porém, para ir além do discurso, as organizações precisam criar a cultura da vulnerabilidade.

Brené diz e eu concordo que não há como ter conversas produtivas sobre equidade, diversidade e inclusão em ambientes onde perfeccionismo e armadura são necessários e valorizados.

A vulnerabilidade precisa estar presente no trabalho, para que as relações sejam mais autênticas, para que os feedbacks sejam mais construtivos, para que as decisões sejam mais assertivas, para que a criatividade e a inovação floresçam.

Difícil ser vulnerável com o chefe e os colegas? Com certeza, mas penso que está ficando mais fácil, porque as relações de trabalho estão mudando. E para melhor! 

7 – Vulnerabilidade sem limites não é vulnerabilidade

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O que você pensa quando lê que vulnerabilidade é ter coragem de se expor e ser visto? “Ah, vou ali no Instagram ser vulnerável!”. Ou “vou me abrir com meu amigo na próxima conversa”. É isso o que vem no seu pensamento?

Na verdade, ser vulnerável não é sair compartilhando e divulgando sua vida para todo mundo. É baixar a guardar e deixar que os outros te vejam na sua essência. É se expor emocionalmente com quem você confia, com quem conquistou o direito de ouvir o que você tem a dizer.

Como Brené bem disse, confiança e vulnerabilidade vão se construindo com o tempo. A gente começa devagar. Você não vai conhecer a pessoa hoje e compartilhar com ela o seu maior segredo. Ou ficar expondo suas emoções mais difíceis nas redes sociais. Vulnerabilidade sem limites não é vulnerabilidade!

O que achei do especial The Call to Courage?

Depois do especial na Netflix, passei a admirar mais a Brené Brown. Como ela é engraçada, espirituosa, autêntica!

Além disso, dá para ver o quanto ela está mais à vontade em frente às câmeras, em comparação ao TED de 2010. The Call to Courage parece uma mistura de palestra e stand up comedy da vida real.  

O mais interessante é que ela vai além do discurso e compartilha histórias em que ela mesma experimentou a coragem e a vulnerabilidade nos relacionamentos, no trabalho, na família.

Brené não se coloca como uma pesquisadora da Universidade de Houston que está ali para dividir conhecimento, mas como alguém que também está aprendendo e se transformando. 

Para aprofundar

É bem possível que você já tenha assistido ao TED “O Poder da Vulnerabilidade”, apresentado pela Brené Brown no TEDxHouston, em 2010. Caso não tenha visto, invista 20 minutos do seu tempo para assistir. Será um bom investimento, pode apostar! 

Também indico esse vídeo animado sobre o livro “A Coragem de Ser Imperfeito” e essa entrevista da Marie Forleo com a Brené Brown. Essa última está em inglês, mas dá para configurar a tradução automática no Youtube. Não é das melhores, mas quebra o galho! rs 

Por fim, recomendo a leitura dessa entrevista publicada pelo Estadão. É de 2014, mas continua bem atual.  

Fim do post e hora de saber: você já assistiu ao especial da Brené Brown na Netflix? Se sim, conta para mim qual parte fez mais sentido para você? Deixe o seu comentário!

4 Comentários


  1. Agradeço seu texto, Marcela. Vou me aprofundar em “Brené Brown” no momento mais vulnerável da minha vida – o luto pelo amado.
    Namastê ♡

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    1. Sandra, sinto muito pela sua perda. Que você encontre conforto para o seu coração.
      Um abraço e obrigada pelo seu comentário.

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  2. Acabei de assitir o documentário. Muito inspirador. Quero agora ler o livro dela.Me identifiquei muito com algumas partes: a coisa de sempre se mostrar forte apesar dos traumas internos, da vontade de se mostrar como eu sou realmente e não querer ser igual aos outros, de viver a vida dos outros. Maravilhoso.

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  3. Olá!! O documentário é incrível!!! Eu já li uma parte do livro “a coragem de ser imperfeito”, mas ficava relutando (adiando) para assistir ao documentário. Até que um dia eu estava num daqueles “dias ruins” e resolvi conferir. Era o que eu precisava, cada parte me tocou de alguma forma, catucou uma ferida diferente. Destaco principalmente o final, no trecho em que ela conta a história da filha na competição de natação. Nossa, eu me vi muito naquela situação de vulnerabilidade, de se reconhecer vencedora e corajosa diante dos desafios. Nessa hora a lágrima não resistiu a cair.

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