O Centro de Valorização da Vida – CVV já existe há muitos anos, mas eu não conhecia.
E não acho isso bonito, viu gente? rsrs
Ainda mais depois que descobri que a associação é referência no Brasil com seu trabalho de ajuda e apoio emocional, com foco na prevenção do suicídio – um problema de saúde pública.
Mais precisamente estamos falando aqui da criadora da campanha Setembro Amarelo e da mais nova parceira do Ministério da Saúde.
Apenas isto, mas abafa o caso e vamos continuar a nossa conversa! rs rs O que de fato importa é que eu queria apresentar o CVV para vocês, caso ainda não conheçam.
Faz pouco tempo que os conheci, é verdade, mas posso dizer que a primeira impressão foi muito boa. Deixa eu contar?
Como conheci o Centro de Valorização da Vida
Minha amiga havia acabado de ajudar alguém com pensamentos suicidas. Ouvindo o caso, pensei: “Que situação delicada! Eu não saberia como agir. E se eu fosse ajudar e acabasse piorando as coisas?”.
Eis que uma situação mais ou menos parecida acontece comigo e fico sem saber como ajudar. Seguindo o exemplo da minha amiga, fui buscar orientação.
Pesquisando no Google, achei o site do Centro de Valorização da Vida. Quem sabe o CVV pode me dar uma luz? – pensei.
Opaaa, um chat online! Será que está funcionando agora? Se estiver, vai estar um deserto e serei atendida rápido. Foi isso o que eu imaginei, já que era sexta-feira à noite. Mas me enganei feio, na verdade eu estava entrando no horário de pico. Nada menos do que 62 pessoas na fila aguardando atendimento.
O contato com o voluntário do CVV
Com o chat congestionado, tentei contato por telefone. Liguei para o número do CVV e estava desocupado. Atendeu o Roberto, voluntário de plantão.
Expliquei que, na verdade, estava ligando pra pedir uma orientação.
“Claro, pode falar” – disse com uma voz suaaaaaave.
Contei a história toda e ele me orientou da maneira mais clara e objetiva, me passando serenidade, confiança e experiência. Estava extremamente preparado, parecia um voluntário das antigas, nível sênior. Quando desliguei, tive a certeza de que aquela ligação foi a melhor coisa que eu poderia ter feito para me orientar.
O que o CVV oferece?
Uma escuta qualificada a todos que querem conversar sobre o que estão sentindo, mesmo que não tenham certeza de que precisam de ajuda.
Não é um serviço de psicoterapia ou qualquer outro tipo de ajuda especializada. E durante o atendimento não é feito nenhum encaminhamento clínico ou psicológico.
Quem busca a ajuda do CVV?
Quem precisa compartilhar suas dores. Perdas, depressão, problemas familiares, solidão…
Há sim pessoas que ligam com pensamentos suicidas, mas a maioria entra em contato para conversar e desabafar, seja porque não tem com quem falar ou porque não pode (ou não quer) dividir o que sente com familiares e amigos.
Na tentativa de colocar para fora o que estão sentindo, adolescentes, adultos, idosos e até crianças procuram o CVV, às vezes em um gesto de total desespero.
Nesta matéria do Buzzfeed, alguns voluntários contam os casos mais marcantes que já atenderam.
Quem são os voluntários?
São pessoas treinadas para acolher e ouvir o outro com atenção, empatia e respeito, garantindo sigilo absoluto sobre o que for dito e total anonimato de quem está do outro lado.
O papel dos voluntários não é emitir opiniões, fazer perguntas, dar conselhos ou resolver problemas. Eles estão ali como ouvintes livres de julgamentos, questionamentos e preconceitos (o que é um baita exercício para qualquer ser humano, né minha gente?).
Nesta hora você pensa: esse trabalho é para um psicólogo, não?
Se pensou assim, saiba que eu também, mas não tem nada disso. Não precisa ser profissional de saúde mental para se voluntariar no CVV.
Quais os canais de atendimento disponíveis?
O CVV atende pelo telefone 188 (ligação gratuita pra todo Brasil de celular e fixo) e também por e-mail e chat. Pelo telefone fui atendida de primeira, mas no chat tinha muita gente na fila de espera, como eu contei aí em cima.
O Roberto, voluntário com quem conversei, disse que a demanda é grande e está só aumentando. Se você tiver interesse em reforçar a equipe de voluntários, entra aqui pra conferir a agenda de cursos.
Como ser voluntário no CVV?
É preciso ser maior de 18 anos, ter a real intenção de ajudar e ser um bom ouvinte.
Quanto à disponibilidade, o voluntário precisa se comprometer com no mínimo quatro horas de trabalho por semana. Bem ok, né gente? Ainda mais podendo escolher o dia e horário.
Se encaixando neste perfil, é só preencher o formulário de inscrição disponível no site e aguardar informações sobre a agenda de cursos para novos voluntários.
Esse treinamento é gratuito e acontece online ou presencialmente. São no mínimo nove semanas de preparação, e soube que o ritmo é intenso.
E tem que ser né? Não é um trabalho fácil, embora recompensante. Dê uma lida nesta matéria excelente da Fiocruz com duas voluntárias.
Sob uma fachada feliz pode ter alguém que quer ajuda
Para encerrar, deixo aqui a dica de um texto lindo do Papo de Homem que tem tudo a ver com este artigo. Um texto que fala sobre fazer-se disponível. Vale a pena a leitura!
Agradecimento especial à Adriana, da Comunicação do Centro de Valorização da Vida, que gentilmente revisou a matéria antes da publicação.