Com uns 20 anos, comecei a escrever sobre coisas da minha vida. Às vezes pra processar melhor, às vezes pra desabafar ou simplesmente pra guardar de recordação.
Ainda gosto de fazer isso. Abro o Word e vou escrevendo tudo ali, sem parar pra pensar e sem apagar nada.
É uma escrita livre e despretensiosa. Simplesmente escrevo e guardo. Alguns textos eu nunca mais leio. Outros eu deleto. Outros eu releio anos depois, se der vontade.
Pra mim, entrar em contato com essas lembranças é sentir orgulho da minha caminhada. Tantas histórias, tantas pérolas, tantos sentimentos, tantas fases….
Hoje, nada ali é motivo de vergonha ou dor. Tudo já ficou pra trás. Reler esses relatos é entrar num processo de autoconhecimento e nostalgia, além de dar boas risadas.
É me reconectar com aquela Marcela de 20 e poucos anos e reconhecer o quanto dela ainda vive em mim. Aos 34, continuo impaciente, organizada, indecisa, sensível, dramática, generosa e leal. Às vezes engraçada.
Por outro lado, sou bem menos teimosa, sonhadora, impulsiva, esquentada, mandona, orgulhosa.
Tenho menos medo de mudar e mais coragem pra arriscar. Me abro mais para as pessoas, sem tanto receio de me expor e estar vulnerável.
Continuo seguindo meu coração e a minha intuição, mas tentando ser mais racional. Continuo conversando com Deus e pedindo que ele me dê as respostas. Ou sinais, pistas, coincidências, acasos. Qualquer coisa que me dê clareza para as grandes decisões.
Meu sono não é mais como antes. Virei adulta e descobri o que é acordar no meio da madrugada, demorar duas horas pra dormir e levantar cedo pra trabalhar. Ou não conseguir dormir mais e começar o dia às quatro da manhã. E, claro, cair de sono às quatro da tarde.
Não é sempre que eu tenho insônia. Depende da fase. Mas tá aí uma coisa que me dá saudades da Marcela de 20 e poucos anos. Eu dormia a noite inteira todos os dias, por mais que o mundo tivesse acabando.
Não existia tanta ansiedade. Nem tantos boletos e responsabilidades. Hoje sou mais ansiosa, preocupada e tensa. Penso demais na vida, no trabalho, no futuro.
Sofro por antecedência e depois fico rindo, porque o pior não aconteceu. Sou perfeccionista e me cobro demais, mas ando melhorando.
Ainda evito conflitos, mas sei que nem sempre é o melhor. Ainda me expresso melhor escrevendo do que falando – acho que vai ser sempre assim. Ainda tenho uma visão romântica da vida e idealizo muitas coisas.
Coleciono alguns “não ditos”, mas não quero mais nenhum pra coleção. Nada importante vai ficar sem ser falado – fiz esse combinado comigo mesma outro dia. Vou cumprir?
Ainda gosto de boteco e cerveja de garrafa (e dessa música! ❤️), mas aprendi a gostar de vinho e beber umas tacinhas assistindo às minhas séries. Ou uma garrafa inteira ouvindo minhas playlists.
Ainda amo churrasco, piscina e música alta. E continuo sem ânimo pra boate e Carnaval.
Aprendi a andar de bicicleta, cozinhar e fazer skincare. Fiz três tatuagens no mesmo dia e sobrevivi. Fiz uma cirurgia e sobrevivi. Andei de moto na serra e sobrevivi.
Descobri que caminhar a pé é descobrir a cidade e passear no parque é tomar um banho de floresta.
Percebi que os pais dão muito trabalho quando envelhecem.
Que algumas amizades se tornam melhores com o tempo.
E que ter sobrinho é amar alguém antes mesmo de conhecer esse alguém. Você ama o pai ou a mãe dessa criança. Isso basta. É amor dobrado.
Tantas descobertas, tantos aprendizados, tantas mudanças….E ainda há tanto pra crescer, mudar, descobrir, experimentar, fazer e viver…. Que seja leve. 💙
Link permanente
Que texto lindo, Cela!
Me emocionei…
Amo você, amiga, em todas as versões =)
Link permanente
Ô Malauzinha, obrigada!
Amo você também ♥
Link permanente
Aaaah! Eu amei esse texto e me identifiquei em muitas coisas com você!
Eu também amo escrever, registrar a vida e me expresso melhor assim.
Obrigada por compartilhar isso com a gente! ♥
Um 2022 lindo e cheio de realizações pra ti! :*
Link permanente
Cássia, ganhei meu dia com o seu comentário ♥ Que o seu 2022 te surpreenda pra melhor!
Seja muito feliz 🙂