Leitor (a) querido (a), confesso para você: estou chateadíssima essa semana. Motivo: não irei ao casamento de um amigo muito querido no próximo sábado.
A cerimônia será na Inglaterra e eu terei compromissos profissionais aqui no Brasil. E não tem jeito, preciso honrar os contratos, por mais que o meu coração fique despedaçado.
Mas já avisei a Henry Charles Albert David que mandarei um belo presente (ou melhor, uma bela doação!) made in Brazil. Espero que ele me perdoe, porque nossa amizade é mais forte do que diamante.
Hahahaha…Gente, como é bom deixar a imaginação fluir né? Você imagina até que foi convidada para o casório do príncipe Harry com Meghan Markle. E que ainda por cima declinou o convite por motivos de agenda!!! Ai ai, coisas do fantástico mundo de Marcela…
Mas o fato é que o casamento real foi só uma deixa para falar de um assunto um pouquito mais sério: o projeto MentalHealthMinute, que está rolando no Reino Unido durante a Semana de Conscientização sobre Saúde Mental 2018.
A iniciativa é apoiada pela Heads Together (tradução livre: Cabeças Juntas), campanha de saúde mental liderada pelo príncipe Harry, príncipe William e pela duquesa Kate Middleton.
Continue lendo o post que eu vou te contar direitinho do que se trata e qual o envolvimento da nova geração da família real com projetos de saúde mental.
O que é o MentalHealthMinute (Minuto da Saúde Mental)?
De acordo com o site oficial do projeto, “o MentalHealthMinute é uma mensagem de um minuto de algumas vozes famosas do mundo para que todos saibam que, seja você quem for, como você está se sentindo e o que quer que você esteja passando, não há problema em dizer”.
Ou seja, a ideia é incentivar as pessoas a falarem abertamente sobre o que estão sentindo, a compartilharem seus problemas, a conversarem sobre um momento difícil pelo qual estejam passando.
O MentalHealthMinute foi ao ar nesta terça-feira, dia 15/5, em mais de 300 estações de rádio do Reino Unido, alcançando uma média de 20 milhões de ouvintes.
Foram veiculadas as mensagens dos príncipes Harry e William, da cantora Lady Gaga, da atleta Jessica Ennis-Hill, da atriz Judi Dench e do ator David Harewood. Clique no vídeo abaixo para ouvir (em inglês):
O MentalHealthMinute é apoiado pela Heads Together, campanha de saúde mental da The Royal Foundation, organização sem fins lucrativos que concentra as atividades filantrópicas dos príncipes Harry e William e da duquesa Kate Middleton.
Agora vou te contar como é o trabalho da instituição e por que os três se envolvem diretamente em projetos voltados para a saúde mental…
Como é o trabalho da The Royal Foundation?
A The Royal Foundation oferece investimento, apoio, orientação e parceria para programas e projetos de caridade dentro e fora do Reino Unido.
As iniciativas são voltadas para três áreas de interesse dos príncipes Harry e William e da duquesa Kate Middleton:
- Forças Armadas: como o príncipe Harry serviu ao Exército por dez anos, a organização tem como um dos objetivos promover o bem-estar dos que servem ou serviram seu país nas Forças Armadas;
- Jovens: a The Royal Foundation ajuda crianças e jovens a desenvolverem suas habilidades, confiança e aspirações;
- Conservação: a instituição apoia as comunidades para proteger e conservar seus recursos naturais para as gerações futuras.
Como surgiu a organização?
Na época em que integrou a realeza, a princesa Diana foi considerada a “Princesa do Povo” no Reino Unido. Ela recebeu esse apelido por conta do seu envolvimento com trabalhos de caridade e causas humanitárias, como o combate à Aids.
Para manter vivo o legado deixado por Lady Di, os príncipes William e Harry lançaram a The Royal Foundation em 2011. Antes disso os dois já tinham uma atuação social, inspirados também pela Rainha Elizabeth, que é patrona em mais de 600 instituições de caridade.
Porém, foi com o lançamento da fundação que eles conseguiram estabelecer um veículo principal para as suas atividades filantrópicas. Atualmente, os dois lideram a The Royal Foundation ao lado de Kate Middleton, considerada a terceira patrona da organização.
Depois do casamento com o príncipe Harry, a atriz americana Meghan Markle se tornará oficialmente a quarta patrona. Mas antes mesmo das formalidades, ela já participou do seu primeiro evento público pela The Royal Foundation, em fevereiro deste ano.
E ao que tudo indica a nova integrante da família real está animada com o seu papel na fundação. Meghan e o príncipe Harry já declararam à imprensa que pretendem colocar a luta pelos direitos e pela segurança das pessoas LGBT no centro dos seus esforços ativistas e filantrópicos pelo mundo.
E a campanha Heads Together, what is this?
Essa é uma campanha de saúde pública lançada em 2017 pela The Royal Foundation, com o intuito de acabar com os estigmas associados à saúde mental.
Com a hashtag #oktosay, a ideia é incentivar as pessoas a falarem mais abertamente sobre o que estão sentindo, a dividirem seus problemas e momentos difíceis com alguém em quem confiam, sem vergonha, medo de julgamentos ou receio de estar incomodando. Ou seja, a parar de sofrer em silêncio e pedir ajuda!
É também um incentivo para que as pessoas não se sintam receosas em perguntar como o outro está se sentindo. Muitas vezes sabemos que a pessoa está passando por um momento difícil, mas ficamos com receio de oferecer ajuda ou tocar no assunto.
Sentimos que não temos intimidade o bastante ou que seremos invasivos perguntando qualquer coisa. Confesso que já pensei assim em diversas situações, mas estou tentando mudar esse pensamento.
Devo oferecer ajuda sim, mesmo se for apenas um conhecido ou um amigo mais distante. É melhor pecar pelo excesso do que pela falta, concorda? Mesmo que a gente não saiba exatamente como ajudar – e isso é normal – devemos sim tocar no assunto, perguntar se o outro quer conversar, nos colocar à disposição para ouvir, simplesmente.
Pode ser que a pessoa não queira se abrir, mas pelo menos a gente tentou. E é melhor tentar do que fingir que nada está acontecendo ou ficar cheio de “não me toques” toda vez que for falar com a pessoa.
Ações legais da campanha
Para mim, uma das ações mais legais da primeira fase da campanha foi a Maratona de Saúde Mental, realizada em 2017, durante a Maratona Virgin Money de Londres.
O evento é uma das competições esportivas mais tradicionais do calendário britânico e acontece todos os anos para arrecadar fundos para instituições de caridade.
Na edição do ano passado, a iniciativa apoiada foi justamente a Heads Together, da The Royal Foundation. Daí a ideia de promover a Maratona de Saúde Mental durante a corrida.
E como você pode ver na foto, a torcida contou com presenças dignas da realeza! Ninguém menos do que os príncipes Harry e William e a duquesa Kate Middleton…
O trio prestigiou os maratonistas da Heads Together e participou da entrega de medalhas e troféus. De quebra ainda distribuiu umas garrafinhas de água para os corredores. Meu Deus, muito engajados…#passaumpoucodeengajamentopracá
Além dessa ação, gostei muito de um vídeo transmitido ao vivo no Facebook da Família Real, também no ano passado. Nele, o príncipe William aparece conversando pelo Facetime com a cantora Lady Gaga, que em 2016 revelou sofrer há anos de transtorno do estresse pós-traumático.
A proposta do bate-papo foi estimular outras pessoas a seguirem o mesmo exemplo e falarem abertamente sobre saúde mental, sem vergonha, receio ou medo de demonstrarem fraqueza.
Achei a ideia super bacana, principalmente por usar a influência de uma celebridade para chamar a atenção para o tema. Espero que a campanha continue seguindo por aí…
Assista ao vídeo:
→ Para assistir à versão legendada em português clique aqui.
Próximas ações
A Heads Together é uma campanha permanente. Em 2018, um dos seus desdobramentos foi o lançamento do projeto Mental Health Schools, voltado para a promoção da saúde mental e o bem-estar das crianças na educação primária.
Ta aí outra ação necessária e importante, na minha opinião. Acho que o tema “saúde mental” precisa ser introduzido o quanto antes no currículo escolar, para que alunos, pais e educadores saibam como lidar melhor com as questões de saúde mental nas escolas (e fora delas também!).
Quem quiser saber mais sobre o projeto pode acessar esse site aqui, óh. Lá também são disponibilizadas orientações para os professores da educação primária que querem apoiar melhor seus alunos.
Por que a família real britânica bate nessa tecla?
Se você já assistiu a algum dos documentários sobre a Princesa Diana, provavelmente sabe que ela teve depressão pós-parto após o nascimento do príncipe William. Ela assumiu a doença publicamente em uma entrevista concedida à BBC, em 1995.
A atitude de falar abertamente sobre o seu problema emocional foi repetida pelo príncipe Harry no ano passado. Em entrevista inédita ao jornal inglês “The Telegraph”, ele revelou que viveu dois anos de “caos total” pela morte da mãe.
Disse, também, que passou quase duas décadas evitando falar sobre o assunto e só começou a lidar com a dor da perda aos 28 anos. Nessa época, ele se viu “à beira de socar alguém” e com crises de ansiedade durante os compromissos da família real. Só então decidiu parar de sofrer em silêncio e procurar ajuda profissional.
Com o desabafo, o príncipe Harry quis ajudar a reduzir os estigmas em torno das discussões sobre saúde mental. E realmente o depoimento dele ajuda, não? Nos mostra que problemas emocionais podem acontecer com todo mundo, até mesmo com a realeza.
Falar abertamente sobre o que se passa é um ótimo começo e pode fazer real diferença na superação da depressão, da síndrome do pânico e outros transtornos mentais.
Além do mais, nos faz perceber que não estamos sozinhos, que esse problema não é exclusividade nossa. Outras pessoas também estão lutando e, às vezes, a gente não faz nem ideia disso! Só descobre quando se abre, quando divide dor e o sofrimento com o outro.
Para encerrar o post, que já está beeeeem grandinho, vou deixar o trecho de um outro depoimento do príncipe Harry sobre o assunto. A divulgação foi no documentário “Diana, nossa mãe: sua vida e legado“, lançado em 2017 pelo canal britânico ITV. O filme foi produzido para marcar os 20 anos da morte de Lady Di.
“A primeira vez que eu chorei foi no funeral na ilha. E depois disso, só chorei talvez mais uma vez pela morte da minha mãe. Há ainda muita dor… que tenho de deixar vir cá para fora.
Eu era muito novo, cresci a pensar que não ter mãe era normal. Era o caso típico que achava que não valia a pena pensar naquilo nem passar pelo difícil processo do luto, porque nada a traria de volta. A questão é que esta postura só aumenta a tristeza. As pessoas lidam com a morte de formas diferentes e eu basicamente guardei tudo para mim, fiquei em silêncio”.
Agora que estou com os dedos doendo de tanto escrever, passo a bola para você! rs Me conta: já conhecia a campanha Heads Together?
E o que pensa sobre os estigmas em torno das discussões sobre saúde mental? Espero ter a sua contribuição nessa conversa e ler o seu comentário aqui embaixo!
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