Há um tempinho eu falei aqui no blog sobre o slow living. Expliquei o que é o movimento e como me identifico com ele. Agora eu vou falar sobre o slow content, também conhecido como slow blogging.
Estou vendo esse conceito aparecer na minha “bolha” de uns tempos pra cá, embora de forma muito tímida. Mas quero trazer esse assunto pra gente entender o que significa, de fato, o conteúdo lento (tradução do slow content). É modinha? É tendência? É papo de influencer com milhões de seguidores?
Eu me fiz essas perguntas e ainda não tenho todas as respostas, mas já posso compartilhar o que pesquisei até agora. Se você se identificar com o tema, deixe o seu comentário no fim do post. Assim vou saber que você se interessa e produzir outros posts sobre isso, ok?
Para começar, o que é o slow content?
É uma vertente do slow living, um movimento que nasceu lá na década de 80, na Itália, com o slow food. Pelo nome, você pode achar que “slow” (devagar, em português) é sinônimo de lento, pouco produtivo, preguiçoso ou pouco ambicioso.
Mas não tem nada a ver com isso. O slow content propõe a criação e o consumo de conteúdo menos acelerado e mais consciente. A essência é: mais qualidade do que quantidade.
Parece meio óbvio, né?
Parece, mas não é. Quem cria conteúdo profissionalmente, sabe que a pressão é enorme. E vem de todos os lados…de nós mesmos, dos clientes, dos algoritmos e, claro, da grama do vizinho (sempre mais verde!).
Tem que postar hoje. E amanhã. E todo dia. E tem que marcar presença em todas as redes sociais. E entrar pro Tik Tok. E criar um podcast. E engajar a comunidade. E enviar a newsletter. Sem esquecer da live.
Dá pra perder o fôlego, não dá? E dá pra perder a qualidade também. Na ânsia de produzir mais em menos tempo, o criador de conteúdo muitas vezes perde a sua essência. Faz um conteúdo pouco criativo, autêntico, sem diferencial. Não consegue colocar sua personalidade ali. Ele foca nas métricas e vai.
Tudo bem se dá resultado, se funciona bem pra você. Mas pra mim, não é um caminho sustentável. Eu crio quase tudo sozinha, não dou conta de produzir conteúdo freneticamente, na velocidade da luz. Me falta braço, tempo e dinheiro.
Preciso respeitar meus limites e meu ritmo, para evitar ansiedade e frustração. Caso contrário, o trabalho vira um peso nas costas e eu perco o prazer, o encanto de fazer isso.
Slow content é papo de influencer com milhões de seguidores?
Pode ser que você esteja pensando:
“Como diminuir o ritmo se estou começando a criar conteúdo agora? Slow content é pra quem tá rico e pode se dar ao luxo de desacelerar”.
Aí eu faço uma ponderação importante: slow content é uma escolha, um caminho, um posicionamento. E nem todo mundo tem essa possibilidade de escolher.
Quando a gente cria para clientes, por exemplo, temos um contrato a seguir, um planejamento a cumprir, um cliente a satisfazer. As decisões não são exclusivamente nossas.
E quem tem seu próprio negócio e tá começando a criar, dificilmente vai enxergar o slow content como primeiro caminho, porque é um conceito que vai na contramão da cultura da velocidade.
Ao mesmo tempo, não acho que o slow content seja papo de influencer com milhões de seguidores. Ok ok, sei que Nátaly Neri também falou sobre isso e que ela tem mais de 700 mil seguidores só no Youtube.
Mas será que é fácil pra ela bancar esse posicionamento? Será que a cobrança em cima dela não é muito maior? Cobrança dos seguidores, das marcas parceiras, de quem agencia o trabalho dela? Cobrança dela mesma pra manter as métricas e continuar relevante?
Slow content = criar conteúdo quando der na telha?
Pra mim, não tem nada a ver com isso. À essa altura, todo mundo já entendeu que constância é tudo na internet e nas redes sociais. Sem isso não dá pra crescer. Se quiser resultado, não dá pra criar conteúdo quando der na telha.
A questão é orientar a sua criação para a qualidade e sempre se perguntar:
- Estou criando com consciência, responsabilidade, coerência, autenticidade?
- Estou mantendo a qualidade, mesmo nos conteúdos rápidos?
- Esse conteúdo está conectado aos meus valores?
- Posso equilibrar conteúdos rápidos com outros mais aprofundados?
- Preciso postar nas redes sociais todo dia? Tenho tanto assunto assim?
- Como consumidor, eu gostaria de consumir meu conteúdo? Ou é mais do mesmo?
É parar e se questionar. Sair do piloto automático e repensar a sua forma de criar, a qualidade do seu conteúdo, a sua periodicidade, os algoritmos.
Não precisa fazer nenhuma mudança radical a partir disso, nem levantar a bandeira do slow. Não se apegue ao termo, fique com a ideia.
Para mim, a ideia por trás do slow content faz TOTAL sentido, cada vez mais. Se também faz sentido pra você, pegue isso e traga pra sua realidade. Pratique à sua maneira.
Slow content na hora de consumir
Na semana passada, fiz um post sobre o excesso de informação na era digital. Tenho a sensação de que estamos saturados de tanto estímulo, tanto conteúdo, tanta oferta, tanta promoção, tanta notícia.
Lidar com esse excesso de informação muitas vezes me deixa ansiosa, dispersa e com a sensação de que eu deveria acompanhar tudo. Acho que todo mundo se sente meio assim, né?
É aí que o slow content faz mais sentido ainda pra mim. O conceito também propõe o consumo menos acelerado de conteúdo. Um consumo mais consciente, mais responsável, mais seletivo, mais focado. Equilibrar o superficial com o aprofundado, pra gente não ficar só consumindo conteúdo rápido e descartável.
A gente PRECISA repensar essa forma de consumir na internet, porque olha…nesse ritmo, vamo todo mundo sofrer de FOMO, viu!
Quem também está falando sobre isso?
A Nátaly Neri é uma das criadoras de conteúdo que praticam o slow content. Em 2019, ela falou sobre isso pela primeira vez. E eu me identifiquei MUITO com o vídeo. Dá uma olhada!
Também recomendo mais alguns links:
- EU PRECISO DESACELERAR | slow blogging | O Poder da Gravata
- Slow content – desacelerando os conteúdos – Ju Barbosa
- Vá devagar: um papo sobre uma vida digital consciente e Slow content
Para aprofundar
Esse papo de hoje tem tudo a ver com você? Então recomendo se aprofundar no slow living, o conceito guarda-chuva.
→ Clique aqui e leia o meu post.
Também recomendo o livro “Devagar”, do autor Carl Honoré. Se você tiver mais alguma referência, compartilha comigo nos comentários?! Agradicida!
Por fim, quero sua opinião sobre o tema: o slow content faz sentido pra você? Deixe o seu comentário e entre na conversa!
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Você fala sobre perder o prazer e o encanto de fazer as coisas. Até fico surpreso porque hoje em dia isso parece ser até meio ridicularizado, já que a regra do jogo é ter mais views, mais likes, mais seguidores. Mas acho que é o essencial da vida, premissa pra qualquer coisa.
E eu te acompanho aqui, vejo que você já está inserida neste contexto do slow living/content e acho que é por isso que eu continuo seguindo.
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Douglas, quando eu li seu comentário, só pensei que estou no caminho certo. Obrigada por sempre contribuir e acompanhar.
Abração!