Eu adoro listas. À essa altura, já teria uma pronta para o Ano-Novo.
Pendências e metas estariam listadas na página de anotações de uma agenda fofa, de capa dura, espiral e frases inspiradoras do tipo “Great thinks are coming”.
Tomada pelo clima de otimismo e euforia do fim de ano, eu encheria a listinha de desejos clássicos:
- emagrecer
- juntar dinheiro
- viajar
- mudar de emprego
- praticar atividades físicas regularmente
- manter a dieta
- passar mais tempo com a família e os amigos
- fazer trabalho voluntário e por aí vai.
Seria uma típica lista de resoluções, sem metas específicas ou cronograma com prazos e ações para tirar os planos do papel. Tudo bem, o que importava mesmo era registrar a minha intenção de um ano novo diferente, melhor, mais especial.
Um ano em que eu buscaria uma vida equilibrada, com todas as áreas em perfeita harmonia: relacionamentos, carreira, saúde, espiritualidade, educação, amigos, cultura, amor e por aí vai.
Meu Deus, ainda bem que eu parei com essas coisas! rs
Você tem uma vida equilibrada?
Quanto tempo você investe nos seus relacionamentos? Marca presença nos compromissos de família? Visita os seus pais aos fins de semana?
Quando foi a última vez em que saiu com os amigos? Conseguiu aproveitar o momento com eles ou se encontraram rápido demais?
E o seu relacionamento amoroso, como anda? Tudo bem? Você investe em programas românticos, está satisfeito (a) com sua vida sexual e acha que encontrou a pessoa certa?
E a saúde, hein? Está comendo direitinho, praticando atividades físicas e dormindo no mínimo seis horas por dia? Faz check-up anual e exames médicos regularmente?
E o nível de estresse, está conseguindo controlar? Já pensou em começar uma terapia e praticar meditação todo dia?
E o que tem feito pelo seu desenvolvimento pessoal? Participa de cursos e treinamentos? Quantos livros já leu esse mês? Sabe conversar sobre a crise política no Brasil ou anda meio alienado?
Financeiramente falando, como andam as coisas? Está pagando as contas e investindo todo mês na Previdência Privada? Entende pelo menos um pouquinho de Tesouro Direto, CDB e fundo de ações? E sua reserva de emergência, indo de vento em polpa?
E no trabalho, já encontrou o seu propósito? Está satisfeito (a) com a carreira que escolheu? Trabalha em uma empresa alinhada com seus valores e crenças? Tem planos de investir em um processo de coaching? E o seu networking, está legal?
E, vem cá, quanto tempo sobra para o seu lazer e diversão? Qual o seu hobby? Viu a nova série que estreou no Netflix?
E a sua espiritualidade, é bem desenvolvida? Você reserva um tempinho na sua agitada rotina para um momento de oração ou meditação? Sente-se grato pelo que acontece na sua vida? Está em paz com as suas escolhas?
Por fim, qual a sua contribuição social? Como pretende fazer a diferença no mundo? Faz doações e trabalhos voluntários ao longo do ano?
UFA! Muitas perguntas, né? E muitos “NÃOS” como resposta, eu imagino!
Vida equilibrada existe?
Fazendo uma autoavaliação a partir das perguntas acima, o que você concluiu? Que as coisas vão bem em todas as áreas da sua vida ou que a vida equilibrada não passa de um mito?
Por aqui, sem dúvidas, é a segunda opção!
Para mim é humanamente impossível alguém ser bem-sucedido em todos os aspectos – relacionamento, trabalho, saúde, lazer, dinheiro, espiritualidade, emocional e por aí vai…
É tanta coisa que eu fico cansada só de pensar. Como dar conta de tudo? Nem tento. É frustração na certa. É também sofrimento, angústia, ansiedade e sensação de inferioridade…
Prefiro lidar só com o sentimento de culpa por negligenciar uma ou outra área da vida. Nos últimos meses, por exemplo, deixei a dieta de lado e dei um tempo na prática de atividades físicas.
Não me orgulho disso, mas ao mesmo tempo sei que o cuidado com a saúde não é o meu foco agora. Em breve quero voltar para a caminhada e para a dieta, mas por enquanto estou direcionando mais tempo e energia para o meu trabalho e a minha casa.
E tinha que ser assim mesmo, porque estou trabalhando por conta própria em uma nova área e me mudei de apartamento há poucas semanas. Duas grandes mudanças ao mesmo tempo = fase de adaptação.
Enquanto me adapto, me perdoo por qualquer fruta que não comi hoje ou pelas 500 gramas de salaminho que devorei ontem à noite, no jantar.
(Meu Deus, parar de comer salame deveria ser uma meta).
Não busque uma vida equilibrada
Por mais que eu saiba que a vida não flui de modo tão harmônico, às vezes me pego querendo conciliar tudo: relacionamentos + estudos + trabalho + saúde + dinheiro + lazer + espiritualidade + todo o resto.
Como obviamente não consigo, vem a danada da culpa e aquela sensação de falta gigantesca: de tempo, de realização, de propósito…
Mas ao mesmo tempo eu sei que não deveria me culpar, porque na minha cabeça a vida equilibrada não passa de ilusão.
Dependendo da fase em que estamos, vamos deixar a desejar em alguma área da vida, mesmo que ela seja importante. Não é fácil, mas precisamos fazer escolhas! Escolher o que é prioridade no momento e do que podemos abrir mão.
É sobre isso que o doutor em psicologia clínica e professor da Casa do Saber, Luiz Alberto Hanns, fala lindamente no vídeo abaixo, que inspirou esse post, inclusive.
Assista e me fale se as palavras dele não são conforto para o coração! Para mim faz todo sentido buscar o equilíbrio emocional, em vez de uma vida equilibrada.
E você, o que pensa? Deixe a sua opinião nos comentários!
O meu 2017
O 2017 me deu uma boa chacoalhada. Me fez tomar decisões que eu vinha adiando há algum tempo. Me fez intensificar a terapia, para lidar com tantas mudanças. Me deixou fora de órbita, por muitos momentos.
Me pegou pelo braço e disse: “as coisas não são como você planeja. Aceita que dói menos”. E aí me restou o que? Aceitar que não adianta mesmo planejar a vida tão certinha e querer controlar tudo.
Pode parecer clichê, mas para mim essa foi uma descoberta libertadora. Graças a ela consigo lidar melhor com o fato de não saber várias coisas no momento: onde vou morar daqui há dois meses, se vou continuar trabalhando home office, se o meu novo trabalho vai vingar…
O “não saber” assusta pra caramba, é claro, mas não tanto como antes. Tudo “culpa” de 2017, que me ensinou a ter menos medo do desconhecido e viver um dia de cada vez – pelo menos tentar!
Só agradeço a Deus por esse ano tão intenso e desejo que 2018 traga boas surpresas para mim e para você, leitor (a). Que a vida seja surpreendentemente interessante para nós!